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domingo, 5 de agosto de 2012

Death Note para as revistas.

Queridos, fuçando em momentos de tédio, encontrei algo longo e divertido de ler: Uma crítica sobre Death Note escrita na Revista Anagrama: Revista Científica Interdisciplinar da Graduação Ano 5 - Edição 1 – Setembro-Novembro de 2011. É extenso e divertido, afinal, não se vê anime nesse tipo de revista todos os dias.


"Death Note: Análise sobre o anime dirigido por Tetsurō Araki  

Anderson Salvador Pereira


Introdução 


Death Note (2006) é um anime cujo foi uma adaptação de uma série de mangá 
escrita por Tsugumi Ohba e ilustrada por Takeshi Obata. O desenho foi desenvolvido no 
estúdio Madhouse com a direção de Tetsurō Araki . 
Muitos mais que um anime com ambientes de seres com poderes mágicos, 
batalhas contra o bem e o mal e enredos que fogem da realidade, o anime Death Note 
trabalha com fórmulas que retratam assuntos filosóficos dentro do nosso cotidiano de 
modo psicológico. Fugindo dos gêneros clássicos, a  série de mangá transformada em 
anime, trabalha com assuntos que possuem uma enorme distinção das categorias 
“perseverança, companheirismo e vitória”, abordando assuntos políticos, sociais, culturais, 
religiosos num eixo de guerras psicológicas com um enredo criativo, instigante, possuindo 
diálogos e desenvolvimento de forma muito inteligente. 
Por isso, o anime Death Note possuiu tanta repercussão e interesse, destacando-se 
dos diversos animes já criados. O desenho japonês possui um gênero que consegue prender 
do começo ao fim a atenção até dos leigos que não são próximos deste estilo. 
A partir de um breve resumo da história deste anime, será descrito e analisado 
alguns dos componentes chaves do anime como o anti-heroismo do protagonista, as 
funções relevantes do antagonista, a secundidade posicionada na clássica linguagem dos 
animes e alguns conceitos de semiótica inseridos na série. 


A história 


No começo da trama, surge um mundo obscuro com terra seca, um clima 
deprimente e vazio. Uma espécie de submundo (semelhante a idéia de um purgatório), 
onde vivem monstros denominados Shinigamis (deuses da morte). 
Voltamos para a terra e vemos Yagami Raito, um típico jovem estudante japonês 
com um nível altíssimo de inteligência. Com seus 17 anos, o garoto é considerado o 
melhor estudante do Japão. O protagonista possui sua vida monótona de ir para escola, 
casa e cursinho, se excluindo da vivencia social. Recluso sobre tudo o que cerca, Raito leva 
uma vida tranqüila e se questiona sobre o mundo que vive, acreditando não haver solução 
no mesmo, enxergando o como um lugar caótico, violento e sem esperança, suas palavras 
ele diz estar “podre”. 
Sua vida muda completamente quando cai do céu um caderno negro sob o chão. O 
garoto olha o mesmo e vê em seu título escrito Death Note (caderno da morte). Raito fica 
surpreso, abre o caderno e encontra instruções de como usá-lo.  
Nas citações diz que qualquer nome de alguém escrito dentro daquele caderno, 
morrerá em quarenta segundos de um ataque cardíaco, caso não seja especificado a causa 
da morte. Para surtir efeito, é necessário que o portador consiga visualizar mentalmente sua 
vítima. Inicialmente, o garoto é cético sobre o poder do caderno. 
Para confirmar sua teoria de que tudo é uma armação, ele decide experimentá-lo 
num devido momento oportuno. No noticiário da TV, um bandido dentro de uma escola 
mantém crianças como reféns. Raito escreve o nome do criminoso, e em exatos quarenta 
segundos, o criminoso morre e ele descobre que o caderno é real. Depois de mais um 
experimento para assegurar que o poder do caderno é verídico (desta vez especificando a 
causa da morte), o protagonista entra em conflito consigo mesmo, acreditando ser um 
assassino. Raito toma consciência do que fez, acreditando ter feito uma boa ação para 
sociedade. 
Desta forma, ele consegue encontrar um verdadeiro propósito em sua vida: 
transformar o mundo em um lugar melhor, banindo todo o mal existente nele, aniquilando 
todos os tipos de criminosos existentes. Raito sente que é o único ser capaz de julgar o mal e se nomeia como um Deus com o propósito de criar um novo mundo. 
Depois de criar uma carnificina, Raito se depara com Ryuk, um shimigami que diz 
ser proprietário do caderno. O mesmo diz ter jogado na terra de propósito porque estava 
entediado com seu mundo. Ryuk diz que uma vez que o caderno cai no mundo humano, ao mesmo pertence. O preço que o portador  humano do caderno paga é que nunca irá para o céu e nem para o inferno, além do tormento e terror de possuir uma arma letal. 
Raito não muda seus princípios sabendo das conseqüências, tomando a decisão de 
continuar sua “limpeza” de justiça, deixando sua marca e evidencias em seus atos com o 
objetivo de todos saberem de sua existência nomeando-se o “deus do novo mundo”. 
Não demora muito, até suas ações serem notadas pelas autoridades, que observam a 
quantidade de mortes misteriosas de presidiários causadas por ataques cardíacos. E a partir deste momento que surge nosso antagonista, o detetive L. 
L é um dos melhores detetives do mundo. Ele encontra uma difícil tarefa em 
desvendar e capturar Raito, que é nomeado como Kira, nome derivado da pronúncia 
japonesa do inglês para a palavra assassino para os que não sabem sua identidade. 
A partir deste desfecho de ações inicia-se uma guerra psicológica entre dois seres 
de inteligência super elevada, um com interesse de sucumbir o outro. Dentro de um mesmo 
contexto, cada um tem sua crença de senso de justiça.  
Perfis dos personagens chaves da série 


1) O protagonista Raito: um anti herói psico-sociopata


Raito é um anti-herói que não se enquadra com os clássicos personagens de animes 
como Goku, protagonista do desenho Dragon Ball Z (1989) de Akira Toriyama e outros. 
Apesar de “beneficiar a humanidade” assassinando criminosos, Raito segue suas próprias 
regras, fugindo das leis do sistema para ter êxito em suas feições.  
É o antônimo da idéia do que é ser herói. Usa motivos que não são altruístas, mas 
que por fins e coincidências afetam de maneira positiva na sociedade até um ponto, pois 
com a disseminação de mortes dos criminosos o índice de violência cai de forma 
espantosa. Porém todos aqueles que tentam persuadi-lo de que ele é o inverso de um herói 
ou um deus, o mesmo não possui escrúpulos e os impõe sob nenhum tipo de remorso. 
Raito segue traços similares a de sociopata como características de psicopatia. De 
acordo com o teste de psicopatia de Hare, um famoso psicólogo especialista no assunto, 
está abordado diversos fatores que provam a existência dessa disfunção psicológica no 
nosso protagonista como: 


- Sedução / Charme superficial 
Raito usa sua beleza e popularidade com as mulheres a fim de conseguir outras 
metas para derrotar seus consideráveis inimigos. No capitulo 04 da primeira temporada 
(com o título perseguição), Raito forja um falso encontro com uma das garotas da escola 
para conseguir informações de um agente social. 


- Grandioso senso de auto-estima 
Ele não teme uma possível derrota, acreditando que seus planos sejam infalíveis, 
subestimando a inteligência de todos, até de seu antagonista L, considerado o melhor 
detetive do mundo. 


- Mentira patológica 
Em meios de se desviar das autoridades, Raito consegue mentir de forma muito 
convincente, tanto para os desconhecidos como os mais próximos. 


- Esperteza / Manipulação 
Raito, por ser um dos estudantes mais brilhantes com um elevado QI, ele consegue 
se posicionar na sociedade como um estudante comum, fazendo com que as pessoas 
tenham afeição por ele se necessário, conseguindo manipular qualquer pessoa, criando uma 
situação falsa que favoreça sempre a si mesmo. 


- Falta de remorso ou culpa 
Todo ato cometido por Raito é mostrado por um prazer intenso sem culpa ou 
remorso. Até mesmo quando ele assassina alguém que  ele julga ser maléfico, quando a 
mesma apenas contraria suas ideologias. 


- Superficialidade emocional  
Raito mostra-se preocupado com seu pai, um policial envolvido no caso Kira 
(investigação com o objetivo de prender o assassino em série), citando de maneira 
persuasiva e hipócrita de que sujaria as próprias mãos caso acontecesse algo com sua 
família. 


- Falta de empatia 
Raito mostra-se empático com tudo o que o cerca. Sem amigos, Raito sente repulso 
em conviver com pessoas com afetividade. No capitulo 02 da primeira temporada (com o 
título confronto), Raito trata seus colegas de sala com total desinteresse. 
Concluímos que Raito seria psicopata por desviar de seus consideráveis problemas, 
entendendo o sistema e suas regras e sabê-las como  quebrá-las. Ele é sociopata por ser recluso e avesso à sociedade. Ele num devido momento se considera o próprio sistema. 
Com a ajuda do caderno, ele julga quem considera um mal para si mesmo. 
Um dos fatores citados por Hare é a necessidade por estimulação, a tendência ao 
tédio. Raito não tinha desafios, tudo o que fazia era monótono. O caderno foi uma chave 
que mostrou a verdadeira identidade de Raito, algo que existia dentro dele. Foi algo que ele 
sempre quis como cita no primeiro capitulo. Seu egocentrismo de achar-se superior diante 
de todos, agora pode ser mostrado com evidencia graças ao seu caderno. 


2) O antagonista L : Um analogismo do protagonista dentro do sistema 


O detetive L, antagonista da série, é o principal adversário de Raito. Um fato 
curioso sobre o personagem, é que ele tem características semelhantes com a do 
protagonista. 
Com alguns distúrbios psicológicos semelhantes aos  de Raito, L possui um 
egocentrismo em suas feições, não aceitando derrotas e falhas. Diferente de Raito, L tem 
um outro senso de justiça que se encaixa de certa forma no sistema, apesar de usar métodos 
distintos das regras impostas pelo sistema político. O detetive não demonstra nenhuma 
empatia e pudor no capitulo 15 da primeira temporada (com o título jogo), onde L captura 
Misa Anami (namorada de Raito) e a tortura por dias a fim de ter uma confissão de que ela 
também possui um Death Note. L, por fim usa métodos do gênero psicopata para chegar 
aos seus interesses e age de maneira sociopata diante da sociedade, se portando como um 
jovem frio e calculista. Seu único objetivo é ganhar, no caso mostrar-se superior a Raito. 
 Outro lado interessante de L, parece mostrar um outro distúrbio no personagem 
bem distinto de Raito. Alguns fãs acreditam que L tenha Síndrome de Asperger, uma 
síndrome do espectro autista, que diferencia-se do  autismo clássico pelo motivo do 
individuo não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo 
ou da linguagem. Talvez isso explique o seu perfil excêntrico de L, sem expressões, um 
comportamento infantil e compulsões em suas ações. 
Isso de fato é só uma teoria, pois o autor nunca confirmou a real intenção na criação 
de seu personagem cabendo a cada um avaliar de sua maneira. 
Ohba, autor do caderno, disse que, se Ryuk não tivesse desenvolvido  um interesse 
no mundo humano, Raito teria se tornado "um dos maiores líderes da polícia do mundo" 
que com a ajuda de L, trabalhariam contra os criminosos.  Mais um fato que mostra como 
os dois são análogos apesar da alteração da trama. 


Ryuky e seu Death Note – Elementos chaves na linguagem do anime 


Charles Sanders Peirce foi o fundador do Pragmatismo e da ciência dos signos, a 
semiótica. Em seus estudos, Pierce levou ao que ele chamou de Categorias Universais do 
Signo, que corresponde às seguintes três categorias: 
• Primeiridade: Corresponde ao fenômeno no seu estado puro que se apresenta à 
consciência; 
• Secundidade: Corresponde à ação e reação, é o conflito da consciência com o 
fenômeno, buscando entendê-lo;  
• Terceiridade: É a interpretação e generalização dos fenômenos 
Considerando que os desenhos animados japoneses são focados em sua linguagem 
antecipadamente a terceiridade, a mesma se situa em um estado de ação e reação. Dentro 
deste contexto os personagens dos animes acabam agindo por agir, sem uma possível 
reflexão (terceridade). 
Um exemplo disso é o clássico filme japonês  Godzilla (1954). A história fala 
sobre um gigantesco réptil mutante que surge em virtude de testes nucleares. A criatura 
cria um rastro de destruição no seu caminho até Tóquio, criando um risco de a cidade ser 
totalmente destruída se o dinossauro não for detido. Existe uma história e um contexto, 
mas o personagem em si não tem uma explicação lógica por suas ações, ele simplesmente 
age por agir. Sendo assim a ação é o que comanda o  desenho animado japonês, não a 
ordem lógica de uma narração. 
Dentro deste raciocínio, o caderno e o demônio seriam a secundidade existente no 
anime, eles agem por agir. Tanto que o próprio criador do anime não explica a existência 
dos shinigamis, da existência de seu mundo ou até do próprio caderno. Em conseqüência 
disso existe uma terceridade no nosso protagonista, pois ele encontra o caderno, usa seu 
raciocínio e age de acordo com seus valores. Ryuky, o shinigami, é uma espécie de 
telespectador. Ele não interfere na história, apenas dá inicio a ela, faz sua função de 
shinigami. Explica as regras e não interfere em nenhuma ação de Raito, apenas fica se 
entretendo com o que acontece ao seu redor. 
                                           
Death Note e suas simbologias 
  
"Eu me tornarei o Deus do Novo Mundo!"  


Esta é a frase citada pelo protagonista Raito no primeiro episódio.  O desenho de 
fato mostra diversos fatores que os levam a pontos chaves de interação psíquica, criando 
uma racionalidade para o mundo da vida nos campos de cultura e cotidiano, levando a 
detonações religiosas através de sua arte dentro de alguns respectivos momentos da série. 
Analisando a introdução da série conseguimos visualizar alguns como os citados abaixo. 


A Cruz 


A cruz é um dos símbolos humanos mais antigos e é usada por diversas religiões, 
principalmente a cristã, embora nem todos os cristãos a usem como símbolo, pois 
consideram que Jesus Cristo foi pregado em um madeiro. Na subcultura gótica, este 
símbolo geralmente é a representação do  sofrimento,  dor ou  angústia, algo que se 
relaciona totalmente a série de forma excessiva. 


A maçã 


Popularmente, a maçã é conhecida como a fruta do pecado. Ela, um objeto simples, 
um fruto comum, está sempre presente no desenho, ficando em evidencia pela sua cor 
avermelhada. A aparição da maça sugere de alguma forma o próprio pecado inserido na 
série, uma suposta e ótima metáfora posicionada pelo criador da série. 


Obra religiosa 


A Criação de Adão é um afresco de 280 cm x 570 cm, pintado por Michelangelo 
Buonarroti por volta de 1511, que figura no teto da Capela Sistina. A cena representa um 
episódio do Caderno do Gênesis no qual Deus cria o  primeiro homem: Adão. Na 
introdução da série, existe uma citação da obra, onde Raito aparece na posição de Adão e 
Ryuky, o shinigami na posição de Deus.  
(primeira imagem: arte da introdução do anime; segunda imagem: obra “A criação de Adão”) 


A cor vermelha 


Em suas aparições dentro do anime, a cor não é usada apenas para representar o 
próprio sangue dito de sua própria matiz, como é usado em determinados momentos que a 
intenção do diretor cria uma climax com associação  afetiva de furor, violência e ação. 
Conseguimos visualizar estes momentos observando a  ambiguidade da personalidade de Raito quando está em seu nível implícito de inofensivo (imagem da esquerda para direita) e seu momento explicito de psicopata (imagem da direita para esquerda). 


Considerações finais 


Podemos considerar Death Note a partir da análise como um desenho que foge do 
paradigma que usa os eixos bem versus mal com evidencia. A partir do sistema de valores de cada individuo que assiste a série, sua percepção sobre quem é o antagonista e o protagonista podem de certa forma mudar. Questões filosóficas sobre a idéia do certo e o errado ficam em evidência, onde o espectador é conscientemente levado para uma possível reflexão do assunto.  "


Bem: Notamos que em todas as vezes que L aparece buscando por Kira, reflexos azuis saltam de seus olhos e fios de cabelo... Por tanto, azul é a cor da justiça, serenidade, do bem.
Logo farei um texto, mas, baseando-me em minhas próprias teorias, uma vez que acho que Raito não é como dizem, este -ao meu ver- é Kira, o ser se apossa de Raito toda vez que este, toca o Death Note. ( Visto que no anime ele tem atitudes completamente apostas ao que Kira realmente fez quando deixa a posse do caderno).


Bem, está ai... Bastante extenso e ainda com direito a opinião pessoal... Fiquem a vontade para se expressar também! 


Fonte: http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/anagrama/article/viewFile/7821/7202

3 comentários:

  1. Muito legal essa crítica. Death Note é mesmo uma obra-prima!

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    Respostas
    1. Concordo completamente!
      Achei tão interessante que tive que publicar aqui kk'
      É bom ver como outras pessoas analisam a obra, e lógico, despejam elogios sobre Tsugumi e Takeshi. Dá até orgulho de ter assistido rs.
      Obrigada! Volte quando quiser.

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  2. Achei legal você comentar do aspecto religioso! Como sou ateu, gostei muito da serie em si, pois você tem de pensar sobre o que acontece, o bem e o mal.Gostei muito da parte que fala que: Céu e inferno não existe, todos os humanos vão para o mesmo lugar, o VAZIO!

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